"Algumas pessoas insistem em questionar nosso criticismo (ao invés de questionar seu alvo), então respondo: criticamos não porque vivemos encarcerados numa espiritualidade azeda (ainda que alguns de nós assim estejam), mas porque somos parte do corpo (I Co. 12. 12-27), e o que dói no corpo afeta nossa alma. Criticamos porque não conseguimos olhar para o ambiente eclesiástico com uma irresponsabilidade tatuada de piedade e tolerância, mas sim com a inquietação aprendida do olhar de Jesus: "Vendo ele as multidões"; em Jesus, o olhar constrói. [...] Tenho percebido que nossas críticas produzem algumas feridas. Contudo, se Jesus Cristo é o "médico dos médicos", então, o melhor que temos a oferecer são justamente nossas feridas, principalmente quando são geradas pela adocicada fúria do amor: "Fiéis são as feridas feitas pelo que ama, mas os beijos do que odeia são enganosos" (Pv. 27. 6). Nossas feridas não matam, aliás, nem mesmo são feridas, são apenas paradoxos benditos: machucam para sarar.
Alan Brizotti
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